terça-feira, 24 de novembro de 2009

Deu-me uma fúria, uma urgência bruta de dizer tudo de deitar tudo cá para fora... e quando nos dá estas urgências é fazer, é fazer sem pensar em nada. E depois sentei-me e esperei e passou. Felizmente passou. Tudo passa, tudo é alias bastante efémero. É essa a urgência do nosso tempo, a passagem cada dia mais rápida e apressada de tudo e de todos, especialmente das nossas vidas. Gabriel Garcia Marques escreveu uma vez, ou várias vezes na sua imensa sabedoria, que quando recorremos ao mente é porque nada temos para dizer. E de repente enquanto escrevia especialmente veio-me o Gabriel à memoria, e por um momento tive tempo para devaneios literários ou lá o que isto é, sobre os livros que já li, mas o pior são todos os que, todos os dias, não consigo ler. E pior que não conseguir é querer e não conseguir, precisava que os dias tivessem pelo menos 48 horas e depois íamos todos fazer soninho... Estou cansado mamã, não quero levantar-me, quero dormir, e por isso resmungo e faço birra. Às vezes faço birra mamã, mas gosto muito de ti. Como a conversa começa a ser recorrente começo a ter medo de que ache que não gosto dele porque tenho estado mais ausente, mas gosto! Se soubesses como gosto de ti filho. E se soubesses o que me custa cada ausência e não me custa, numa dualidade de sentimentos. Mas tu primeiro, a tua urgência primeiro, e eu que te adoro, mesmo quando portas mal, disse-lho assim com todas as letras e ele riu-se... mas eu faço birra mamã! SIM, respondi-lhe. SEMPRE a toda a hora. A toda a Hora? Riu-se novamente. Mesmo quando a urgência de chegar e de ir e de estar e de fazer me invadem e mesmo quando tentamos todos fazer o nosso melhor e mesmo quando não conseguimos e eu consigo tão pouco e tão poucas vezes. E somos todos tão diferentes e tão bonitos na nossa diferença e todos lindos e eu gosto tanto de todos e precisava de mais 2 vidas: uma para cada filho, só para eles, sem urgências de tempos e de eternidades e sem pressa e com tempo e com amor, amar-vos assim perdidamente, com o coração com a alma e com a mente e com a razão e com todo o meu ser e sem obrigação nenhuma, nem a de amar-vos.

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