sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Há dias...

Há dias em que acordo e acho que não vou conseguir...
Uma birra, um choro, não quero esta camisola, quero o colo da mãe, não me limpem o nariz que eu grito, não quero comer... as manhãs são tão difíceis!
Já tentei seguir aquela regra maravilhosa que resolve todos os problemas como por magia: levante-se mais cedo e vai ver que tem tempo, eu levanto-me mais cedo, mas não eu nunca tenho tempo.
Eu só quero tomar o meu banho descansada sem ninguém a entrar na casa de banho, ou a bater à porta como se não houvesse mais mundo!
Eu só quero beber o meu iogurte sem nenhum choro ou sem ninguém ao colo.
Eu só quero não correr pela casa toda atrás do José para ele vestir o casaco e quando finalmente em equilíbrio periquitante entramos no elevador no fim do José ter entrado e saído dez vezes de casa para levar isto e deixar aquilo e fechar as portas todas e todas as mochilas com tudo o que devem conter lá dentro, o almoço numa, a muda de roupa na outra, os toalhetes que faltam, a pomada do rabinho, o babete e o carro preferido, e tudo e tudo... e finalmente entramos no carro sem nos molharmos todos ou sem ter de meter o carro na garagem e ter a cadeira e o ovinho, todos... e quando estão todos sentados e com os cintos e finalmente seguimos caminho para as escolas, já estamos atrasados! Já estamos atrasados e já temos que sair todos do carro para deixar a Rosa na escola e subir não sei quantas escadas com a Rosa ao colo, que está um chumbinho, (não vejo a hora de começar a andar, e depois quando começar, digo que bom que era quando ainda só gatinhava, nunca estou contente com nada, sou uma insatisfeita...) e com o José que tem que ir de mão dada comigo e que não aguento a Rosa só num braço e ainda a mochila e o José que não sobe sozinho porque a irmã vai ao colo, e o carro que ficou mal estacionado...
Finalmente o José. É tão bom quando fica na boa no CAAPI, quando não faz birra e me dá um beijo e me diz adeus e até me diz: bom trabalho Sofia, sim que agora deixei de ser mãe.
Quando finalmente tudo está entregue e em boas mãos, sento-me e consigo beber o meu café a ver o rio e Almada e a ponte, uns segundos sem ninguém dizer nada, nada só a chuva que não pára ou a Dona Aparecida que procura uma chave e o meu café que me sabe tão bem...
Ganhei mais uma manhã, mais uma... Consegui!
Há dias em que sou a super heroína da minha própria BD. Há dias em que tiram do sério e que falo alto e perco a paciência e digo-lhes que assim não posso e que assim não dá, mas felizmente há dias em que tudo corre bem e que não nos atrasamos e ninguém chora, (tipo chora muito) e ninguém desobedece e pronto, tudo vale a pena outra vez!

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