segunda-feira, 18 de outubro de 2010

foi mais um brilhante fim de semana com direito a passagem de 5 horas pelo Hospital Dona Estefânia.
Gostava tanto de não me preocupar, de achar que não é nada... mas não, a febre não desce com o benuron, tem que vir o brufen... a febre só desce passado 2, 3 horas e depois volta logo a subir... e vai de ligar para a saúde 24: e se não ligasse para nós o que é que faria?
Ia para o Hospital, que é o que vou fazer, mas agora vou com fax da saúde 24.
Urgentes! Deve ter havido poucas vezes que não tenhamos sido rotulados de urgentes... e dão-nos brufen numa seringa que é logo coisa que não intimida nada e a febre 2h depois não desce, sobe e depois não há causa aparente e vamos para as análises: infecção sim e das boas, mas onde?
E agora vai para casa sem nada, eles tem até receio de dizer isto, dizem a medo, como quem admite um erro, mas eu depois de 5 horas, eu e o enorme José, que se aguenta à bronca como ninguém e que fica e vai e que espera e cheio de febre e sempre com muita febre, só queremos ir para casa, já não podemos com médicos e enfermeiros mesmo que muito simpáticos, dos que vem ter connosco e quase nos pedem desculpa mas não conseguem perceber porque este pequeno está sempre predisposto a estes vírus que também não se sabe de onde vêm, espera-se sempre é que vão para algum lugar distante e que não voltem, nunca, jamais...
E fazemos análises e xixi para um copo, coisa fina sim senhor... e não podemos mexer o braço por causa do penso, e não temos posição, nem ao colo nem sentados, e há miúdos que ficam internados e miúdos que estão com a estrica toda que a malta até fica a pensar vieram porquê? se são assim doentes, imagina saudáveis... e pais e mães e famílias que choram que se desesperam e mais os ciganos que acamparam no parque de estacionamento e jogam às cartas e os putos brincam como se estivessem no parque infantil e o senhor meio surdo que atende o telefone em berros e alguém lhe sugere que vá lá para fora que há putos a dormir, há mães de 1ª viagem cheias de tralha e pais e avós, vêm todos e os irmãos, há brasileiros pais com computadores no colo e uma máquina que dá garrafas de água geladas e crianças que se desesperam e outras que não. Há braços partidos e ambulâncias, há um puto com camisola do Sporting que se aleijou a jogar futebol, há um puto adolescente, daqueles tímidos, lindos, que pede desculpa ao mundo por existir com um óculos e assim sem graça, mas lindo com o pai com quem não tem relação nenhuma, não trocam palavra, nenhum tem nada para dizer ao outro e eu que me desespero e penso que um dia podemos chegar a isto: eu e os meus filhos... e o miúdo lindo, daqueles que dá vontade de dar beijinhos e o pai nada ali indiferente e ele de braço partido todo encolhido, como que a pedir desculpa por dar tal transtorno ao pai... e há nós: eu e o José, o José e eu que tentamos não desesperar e que desejamos estar num outro lugar qualquer, talvez em casa a brincar.
E finalmente voltamos para casa já noite cerrada, os ciganos continuam no acampamento, agora com lanternas...
E ao fim de 5 longas enormes horas vamos para casa com um braço picado e um fotografia com a esperança que o vírus vá para longe e não volte nunca, nunca mais...

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