domingo, 26 de fevereiro de 2012

TEMPO

O José tem um problema com o tempo, pode ser gene que herdou do pai, mas pode muito bem ter herdado da mãe...
Não consegue ir para a cama, porque não teve tempo em todo dia para brincar.
O pequeno tem imensos afazeres como ver TV, jogar à bola, jogar bebly, fazer jogos, fazer desenhos, corridas de carrinhos, saltar no sofá e para o sofá e de cima do sofá, fazer imensas batalhas com inúmeras figuras de nomes e forma estranha, ajudar a irmã a cuidar dos seus vários filhos, ajudar a mãe e o pai, fazer birra, ir à escola, vir da escola...
Mas brincar nada.
Acredito que tamanha ocupação e proporcional falta de tempo possam ter chegado com os 5 anos.
O passar dos anos desperta-nos para a realidade que é a falta de tempo que teremos sempre para cumprir os nossos objectivos de vida, os nossos propósitos as nossas motivações.
No caso do José a falta de tempo deve-se à imensa vontade de viver, de aproveitar tudo com os olhos pasmados de criança que tudo absorve, com as mãos ainda pequenas, mas de bom tamanho para sentir e abraçar e com o enorme coração que tudo pode amar e onde cabe todo o amor do mundo.
A falta de tempo do José prende-se com a falta de tempo para estarmos juntos.
Nós as pessoas que dele gostam e de quem ele gosta.
Pede-nos com frequência para visitarmos este e aquele amigo que já não vê há algum tempo, inquieta-se que os amigos faltem à escola e que ele não perceba porque, não entende que não se juntam todas as pessoas de quem gosta, e tem um coração onde cabe muita gente...
Falta-lhe o tempo para estar com quem gosta, falta-lhe o tempo para estar e isso até a mim me faz pensar que estamos cada dia menos juntos, menos tempo e com menos qualidade.
Falta o tempo ao José, mas falta-nos o tempo a todos...

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